Análise tática: As blitzes voltaram contra o Bengals


Texto traduzido de Nick Underhill

Se você perguntar para qualquer pessoa que trabalhou ou jogou com Dennis Allen sobre as características que definem suas defesas, eles vão te responder que elas são agressivas. Ele gosta de blitz.

E isso foi verdade quando Allen foi coordenador defensivo em Denver, treinador em Oakland e agora como coordenador defensivo do Saints. Bom, foi verdade até essa temporada.



Tirando a partida que abriu a temporada contra o Tampa Bay (o Saints mandou blitz em 28,5% dos snaps, segundo o site Sports Info Solutions) e na semana 8 contra o Minnesota Vikings (28,8%), a defesa está sendo bem mais suave nos planos de parar o ataque.

De forma geral, o Saints enviou blitz em 22,4% dos snaps em 2018. Para efeito de comparação, em 2017 a equipe mandou cinco ou mais jogadores em blitz em 32% das jogadas.

Tirando os fatores que levam a um ajuste ou outro, o fato é que o Saints está mandando blitz menos do que gosta de fazer.

"Eu poderia dizer que nós, provavelmente, não estamos pressionando o tanto quando estivemos nos outros anos", disse Allen depois da vitória por 30x20 contra o Minnesota. "Algumas vezes seu oponente tem muito o que fazer com isso e às vezes você está como um time de football que tem muito o que fazer com isso".

O Saints usou o estilo mais agressivo da temporada no domingo, quando venceu o Cincinnati Bengals por 54x14, mandando blitzes em 39,13% das jogadas. Foi uma recapitulação da ultima temporada, quando a equipe pressionou o adversário em 35% ou mais dos snaps em nove jogos. E o mais importante: funcionou.

O quarterback do Bengals, Andy Dalton, estava desconfortável o jogo inteiro. Ele acertou apenas 12 de 20 passes para 153 jardas, um touchdown e duas interceptações. A maior parte de suas jardas vieram em jogadas de screens ou dump-offs, como no shovel pass de 36 jardas que ele acertou fugindo de uma blitz.


Mas enquanto esteve no pocket fazendo leituras e colocando a bola no fundo do campo, Dalton teve sucesso apenas no drive de abertura. Depois disso, a pressão começou a acertá-lo e o Bengals desmoronou. Mas a ação de muitas blitz - pelo menos colocando pressão em 40% dos snaps - não necessariamente era o plano inicial.

"Terceiras descidas. Nós viemos para o jogo que queríamos pressionar o QB um pouco mais", disse o DE Alex Okafor. "Quando a gente começou a acertá-lo algumas vezes, foi como um efeito dominó. Por que parar se está funcionando? Definitivamente nós fizemos muito mais vezes do que nas outras partidas".

Contar as pressões feitas por cada jogador nesse jogo foi um processo exaustivo. Teve muitas jogadas com vários jogadores na pressão e fazendo Dalton se mexer ou apressar o passe. Como um todo, os jogadores do Saints tiveram mais de 20 pressões. Os mais ativos deles foram Okafor e Sheldon Rankins.

Depois de algumas semanas, Okafor, que sofreu uma lesão no tendão de Aquiles na última temporada, começou a lembrar os velhos tempos. Domingo foi o seu melhor jogo da temporada. O defensive end teve um total de cinco pressões, incluindo um sack compartilhado e uma pancada no quarterback. Sua melhor jogada veio já no fim da partida, quando o Saints mandou apenas dois jogadores para pressionar o quarterback e Okafor foi capaz de colocar pressão suficiente pelo lado para forçar Dalton a deixar o pocket. Ele ainda acertou o passe e ganhou 6 jardas, mas foi uma jogada impressionante do DE.


Já Rankins continua sendo dominante. O defensive tackle estava constantemente no backfield e continua provando ser um opositor extremamente forte para o meio das linhas ofensivas. Seu ball-rush virou uma arma legítima e ele usa isso para ajuda-lo a conseguir um total de quatro pressões, incluindo um sack.

"Dennis Allen fez isso de uma forma que não desse chance para eles", disse Rankins. "Nós fomos capazes de levá-lo (Dalton) pra casa, de perturbar ele. Quando somos capazes de acertá-lo, fazer com quele faça as segundas ou terceiras leituras, você pode dizer que ele ficou um pouco confuso. Naquele ponto, você apenas aperta mais o parafuso".

Os dois elementos da defesa - o front e a secundária - trabalharam em conjunto no domingo, como de costume. Com a parte da frente conseguindo pressões e apressando Dalton, a secundária pode brilhar. Marshon Lattimore, que estava bem na cobertura, nunca foi alvo. Eli Apple, que perdeu contato no primeiro drive e cedeu um touchdown, melhorou depois de suas dificuldades. Ele desviou um passe e teve uma interceptação depois da bola desviar em Chris Banjo, o safety que estava em uma blitz.

E esse foi um dos melhores jogos de Marcus Williams. Ele não teve apenas uma interceptação. Ele mostrou o tamanho de seu alcance e instinto para ajudar e quebrar um passe.

Todo plano é específico por oponente, então é incerto saber se estamos vendo uma nova fase mais agressiva da defesa.

Wells Up


Uma das jogadas mais eficientes do Saints no domingo veio no fim do primeiro quarto, quando Mark Ingram correu uma rota wheel passando atrás de uma rota curl de Michael Thomas, usada para atrapalhar o linebacker que deveria estar marcando Ingram. A jogada rendeu fáceis 27 jardas para Ingram no espaço criado por Thomas. Essa é uma jogada muito utilizada por esse ataque nos últimos anos.



Aqui em 2016 contra o Denver Broncos, passe para Mark Ingram.


Também em 2016, contra o Atlanta Falcons. Tavaris Cadet recebendo a bola.


Aqui para Alvin Kamara contra o Green Bay Packers em 2017.

Inspiração

Esse foi o ponto da vitória de domingo. Mas é bem claro de onde veio a inspiração para Keith Kirkwood ficar livre a ganhar 42 jardas. Sean Payton chamou o Los Angeles Rams como um time que "precisa ser visto" no começo da temporada. E aparentemente ele olhou bastante o que o Rams usou para marcar um touchdown de 70 jardas contra o Vikings na semana 4.



Aliás, Sean Payton estar inspirado é bem visível nas chamadas para Taysom Hill, mas deixaremos isso para outro post.

Link original da matéria em inglês: theadvocate.com

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