Boston Scott e o draft de 2018

A temporada chegou, e com ela os cortes finais e últimos ajustes para a estreia, mas diferente de outros anos o Saints não se apoiou em seus calouros para ir longe na temporada, na verdade, o contrário ocorreu, o time só conta com três jogadores escolhidos no último draft no elenco dos 53 iniciais.

A última vítima foi o RB Boston Scott (Scott vai ficar no practice squad do time nessa temporada), escolha de 7ª rodada, que teve boa participação na pré-temporada e projetava-se para ser um dos substitutos de Mark Ingram, além de possível retornador da equipe.

Mas qual o motivo dessa mudança na montagem do elenco realizada pelo Saints? A comissão técnica demonstra que o time está em um patamar no qual não há tempo para esperar o desenvolvimento, e que o time tem que vencer agora, então jogadores mais jovens, com pouca experiência e que vão demandar mais tempo vão perder espaço para atletas que já estão mais acostumados com a liga e suas nuances.

Por um lado, é inegável que o time, diferente dos últimos anos, tem profundidade no elenco atual, quase todas as posições tem jogadores capazes de entrar em campo na defesa/ataque e/ou contribuírem de forma efetiva nos special teams, mas muito disso é por conta do trabalho feito no recrutamento dos últimos 2 anos, já que as grandes contratações do time nas últimas temporadas não deram o resultado esperado, para dizer o mínimo.

Por conta do fantástico Draft de 2017 aonde praticamente todos os jogadores escolhidos funcionaram, o time voltou a ser cogitado entre os melhores da NFL, New Orleans teve o calouro ofensivo e defensivo do ano, (Kamara e Lattimore), além de mais dois jogadores que foram para a seleção dos calouros da temporada (Ramczyk e Marcus Williams), além da contribuição de jogadores como Trey Hendrickson, que foi colocado em campo por conta das lesões na posição e não decepcionou.

Faltavam algumas peças para estabelecer o time, e o Draft de 2018 serviria para trazer peças complementares e possíveis desenvolvimentos para que a franquia mantivesse o nível por alguns anos e não voltasse a instabilidade de anos anteriores, mas a escolhas e o que sucedeu mostrou uma certa contradição.

Começando pela primeira escolha, Marcus Davenport é um jogador com potencial imenso, mas até os mais entusiasmados com o jogador sabem do tempo que ele precisa para ser um jogador consistente e perigoso na liga, e o Saints não só usou a sua escolha de 2018, mas também cedeu a primeira de 2019 para tê-lo no elenco, a ideia de vencer agora acabou ficando confusa com a peça que o time entende que seja necessária para que isso acontecesse.

A segunda escolha do time, a da terceira rodada, foi a mais interessante e talvez seja a única que tenha casado com o momento, um WR com as características de Smith com capacidade jardas após a recepção, além de velocidade em profundidade era extremamente necessário.

Da quarta a última rodada o time voltou a apostar em jogadores que precisavam de muito desenvolvimento, Rick Leonard, Natrell Jamerson, Kamrim Moore, Boston Scott e Will Clapp, tinham potencial para contribuírem, mas em sua maioria eram jogadores que jogaram pouco nas posições que exerciam no college (Rick Leonard), ou que o Saints iria mudar de posição quando chegasse no elenco (Jamerson e Moore).

O erro nesse momento não é apostar nesses jogadores, mas sim simplesmente abdicar do investimento feito em abril antes mesmo da temporada começar, por mais que o draft não seja uma ciência exato e MUITO provavelmente o time nunca mais vai acertar como em anos anteriores, descartar jogadores que mostraram potencial para manter a franquia em bom nível, nem que seja para serem bons reservas, é extremamente arriscado, não só em termos técnicos, mas até financeiros, conseguir aproveitar contratos de calouros, mesmo que por dois anos, pode ser a maneira de maximizar o talento com uma ou outra grande contração, sempre lembrando que o Saints tem dificuldade enormes em fazer as suas grandes contratações funcionarem.

Pode ser que dê certo, que essa experiência funcione, o Saints vença o Superbowl, mas desperdiçar um Draft para uma franquia que voltou a ser relevante por conta deste é um movimento extremamente arriscado e pode causar efeitos em um futuro próximo, o tempo vai dizer.