A mente mais perigosa da NFL: Como Drew Brees continua a desafiar as possibilidades


Com apenas 1,83m de altura – alguns dos companheiros de time atualmente insistem que ele fica bem mais alto quando veste as chuteiras – com um ombro cirurgicamente recuperado em um braço que não baterá sobre os recebedores, Brees dificilmente parece um típico quarterback na NFL. Ele raramente consegue enxergar sobre as linhas, e muitas vezes é forçado e esticar o pescoço em qualquer pequena janela para ver a defesa adversária.

“Ele olha por baixo da facemask”, disse o RB Mark Ingram. “Só assim ele consegue enxergar”.
A principal razão para tudo funcionar, porém, não tem nada a ver com as ferramentas físicas que você ou eu podemos enxergar. Tem a ver com o que não podemos.

Está tudo na cabeça dele.

Peyton Manning costumava ser o portador do padrão de inteligência para quarterbacks. Ele usava a arma mais poderosa em todo o football: SUA MENTE!

Brees aceitou isso muito bem. Sua mente é a sua maior arma no jogo. E não deveria ser assim, considerando sua baixa estatura?

Em uma era com passadores grandes e com braços extremamente fortes, caras que ficam altos no pocket, Brees contraria a tendência, se tornando um dos grandes quarterbacks na história da NFL boa parte por conta da sua habilidade de vencer com sua cabeça.

“Todos tem limitações, e todos sabem das suas forças”, disse Brees na semana passada durante uma pausa nos treinamentos. “Sinto que minha preparação e conhecer o máximo que posso sobre os conceitos do jogo, o pessoal e a defesa é o que me permite ter sucesso. Ter um plano e saber como executá-lo é o que resulta em sucesso. Tenho que me apegar a isso. Tem que ser minha maior força. É assim que tenho que compensar falhar que tenho em algumas áreas”.

Brees tem um sexto sentido para encontrar um WR aberto.

“Pegue um sentido, e os demais deverão ser acompanhados”, disse ele. “É assim, sei onde os caras devem estar. Conheço a minha saída. Desenvolvo confiança nos meus caras mesmo quando certas coisas não vão muito bem, tenho habilidade de saber onde eles irão e fazer isso funcionar”.

Se o cara de 38 anos jogar mais três temporadas, é quase certo que ele será o líder em jardas, passes para touchdowns e tentativas, de todos os tempos. Ele precisa de 5.830 jardas para ultrapassar Peyton Manning em jardas. Considerando que Brees tem cinco das nove temporadas com mais de 5000 jardas na história da liga, isso poderia acontecer já no próximo ano.

Manning também lidera em passes para touchdown, com 539, enquanto Brees tem 465. Se ele jogar mais três temporadas, ele precisará de uma média de 25 touchdowns para alcançar. Brett Favre tem 1411 tentativas de passes a mais que Brees, o que faz com que Brees tenha que jogar mais três temporadas completas para quebrar essa marca. Brees é também o primeiro de todos os tempos em porcentagem de passes completos com 66,6% e sétimo em passer rating com 96,3.

Para ajudar a validar os números acima, ele ainda tem um anel de Superbowl – mantendo-se distante dos abutres que o perseguiam, considerando-o apenas como um cara de bons números individuais.
Quando os números foram mencionados a Brees, ele teve uma reação relativamente tímida para quem está caminhando para se tornar o maior passador de todos os tempo – pelo menos em dados brutos.

“Não é minha prioridade número 1, mas quando você olha para toda uma carreira, é significante”, ele disse. “Lembro do meu primeiro ano em San Diego. Meu primeiro jogo de pré-temporada foi em Miami. Caminhando no Joe Robbie Stadium, eu me lembro de olhar para cima e havia somente Dan Marino no anel de honra. Listei todas suas estatísticas. Ele teve mais de 400 touchdowns e mais de 60.000 jardas (61.361). Me lembro de pensar como você pode alcançar esses números em uma carreira. Tudo isso era intocável. Nem mesmo na minha mente. Era só meu primeiro jogo de pré-temporada. Eu esperava somente sair daquele jogo sem levar bronca dos meus técnicos. E pensar que agora estou indo para minha 17ª temporada e a uma distância impressionante, eu não sei”.
Ele parou por um segundo.

“Tento não refletir muito e me concentrar no que vem adiante”, ele disse. “Somente me sinto abençoado por jogar o máximo que puder”.

O caminho para ser excelente.

Vindo de Purdue, havia muitas questões sobre sua altura e força no braço. O San Diego Chargers o selecionou na segunda rodada do draft de 2011. Após jogar pouco como calouro, ele foi titular em 58 jogos em quatro temporadas, melhorando a cada ano. Mas no último jogo da temporada 2005, Brees sofreu uma ruptura do labrum no ombro direito, braço do passe.

Muitos especularam que ele nunca seria o mesmo. E eles estavam certos!!! Ele voltou melhor.... MUITO MELHOR!!!

O New Orleans Saints assinou com ele quando o San Diego Chargers decidiu fazer de Philip Rivers seu franchise quarterback. O Saints assumiram o risco e seguiram com Brees, mesmo com ele retornando de uma séria lesão.

“Odeio quando as pessoas insistem em dizer que ele é um quarterback de esquema. Ele é o sistema!”, disse Zach Strief sobre Brees.

Em 12 temporadas, tudo o que ele tem feito é ganhar um Superbowl para uma cidade e se tornar a cara de uma franquia, sendo amado pelos torcedores de New Orleans. O resumo do retorno daquela contusão – seu braço ficou mais forte – não deveria soar como surpresa agora.

Seu impulso e competitividade são lendários. Companheiros de time e comissão técnica amam isso.
“Ele tem um nível de intensidade mental que caras normais não conseguem alcançar”, disse Strief. “Maioria das pessoas não consegue manter esse intensidade competitiva no dia a dia, mas isso é o que o faz um dos melhores”.

Essa competitividade fica evidente sempre. Seja no campo de treinamento, nas competições entre os quarterback do time após os treinos, nos jogos de tênis de mesa no vestiário ou jogando dardos com sua esposa, Brees odeia perder.

O Saints colocou uma mesa no vestiário no ano passado, para jogos amistosos. Até então Brees não tinha jogado uma partida, até que decidiu jogadr com Strief, que o bateu quatro vezes seguidas.
“Ele jogou a raquete no chão e saiu pisando forte”, disse Strief. “Parece que não gostou muito”.

E o que ele fez?

Treinou e treinou para bater seu lineman, que diz agora que não tem conseguido ganhar de Brees nos últimos oito ou nove jogos. Parece estranho? Sim, mas ele é assim.

“Sim! Treinei, mas mais que isso, tentei focar no porque ele estava ganhando todas de mim”, disse Brees. “Tinha algo que ele estava fazendo e eu não tinha condição de combater. O spin no serviço dele estava me detonando. Então voltei com uma técnica para isso. Se eu não encontrasse uma forma de neutralizar isso eu não sossegaria”.

Quando Brees coloca algo na cabeça, é difícil mudar seu pensamento. Ele usa esse mesmo tipo de foco para adaptar e ter êxito no football.

A mente tem que estar afiada, assim como a atenção aos detalhes. Como Brees é baixo, é difícil enxergar sobre as linhas. Quando assistir os jogos do Saints, note que nas jogadas ele sempre inclina a cabeça para tentar enxergar melhor o que está à frente. Isso é tão natural, que ele faz isso mesmo quando não há necessidade.

Os quarterbacks mais altos podem ver sobre a linha. Brees tem que enxergar através de janelas – ou não. Certo. Ele disse que faz algumas jogadas às cegas, só porque ele sabe onde os recebedores estarão.

“Ele tem feito centenas de passes onde simplesmente não vê o recebedor”, disse Strief. “Isso acontece porque ele é atento aos detalhes. Repetindo as jogadas mais e mais e todo o estudo que ele faz”.

“No final eu sou um cara de 1,83m e todos que estão à minha frente tem mais de 1,90”, disse Brees. “É impossível ver sobre aqueles caras. Você tem que criar janelas de passe. Há situações onde eles ficam cara a cara comigo, então tenho que pular. Faço o drop back, pulo, só confirmo o que penso ser e quando planto o segundo pé novamente, eu passo, mesmo se eu sei o que está lá. Daí me pergunto o porque pulei”.

A prática leva à perfeição

Sentado no centro de treinamento, tomando uma bebida feita especialmente por ele, Brees usou os portões da garagem no lado oposto da estrutura para explicar sua técnica para enxergar o fundo do campo. Havia três grandes portões no muro oposto à nós, uma em cada extremidade e uma no meio.
“Se abrirmos todos os portões, eles podem ser similares a linhas de passe e tudo o que estiver entre isso (as paredes) são os linemen e coisas que eu não posso ver. Se você dirigir um carro lá e eu puder medir a velocidade, serei capaz de antecipar e alcança-lo quando ele passar pelo portão. Isso é jogar como quarterback na NFL”.

Brees é um maníaco por preparação e qualquer detalhe importa. Strief disse que Brees posiciona seu pé exatamente na mesma linha para o alongamento, por anos. Ele vai até a mesma linha, nunca mais e nunca menos, enquanto outros se posicionam em qualquer lugar.

“Algumas pessoal podem interpretar isso como um TOC”, disse Strief. “Para Drew, um minuto que ele deixa baixar o nível de consistência, mesmo um, pode facilmente virar uma bola de neve. Se uma pequena coisa não importa, a próxima coisa deixará de importar e assim por diante. É por isso que faz o que faz. É tudo detalhe. Ele é mentalmente condicionado para fazer tudo importar”.

O técnico Sean Payton é uma das melhores mentes ofensivas da NFL, e seu relacionamento com Brees faz o ataque caminhar. Mas as coisas poderiam não ir tão bem sem Brees.


“Ele é um técnico no campo”, disse Mark Ingram. “Ele está nas reuniões do ataque. Ele está nas reuniões de plano de jogo. Assiste muitos filmes. Ele sabe o que todos fazemos”.

Uma janela fechando?


Com Brees se preparando para a temporada 2017, existe a possibilidade de que seja sua última como um Saint. Ele entra no ano final de contrato e não há sinal de que ele vá desacelerar. Ele teve outra temporada de 5.000 jardas ano passado.

Mesmo assim, com essa idade, existem questões sobre seu retorno, não na mente dele.
“Não me preocupo com isso. As coisas acontecerão como está suporto para ser. Acredito que ficarei aqui e jogarei por um longo tempo ainda. Estou em paz sem me preocupar com o que deve acontecer. Meu nível de expectativa é que terminarei minha carreira como um Saint”.

Tom Brady completou 40 anos semana passada e Brees é um ano e meio mais novo. É natural que surjam perguntas sobre quanto tempo mais ele pretende jogar.

“Quando eu cheguei na NFL, pensei se poderia me tornar somente um titular. Depois pensei se poderia chegar aos dois dígitos na carreira, já seria muito feliz se isso acontecesse, e então cheguei ao ano 10. Então pensei se poderia jogar até 35 anos, cheguei lá. Posso fazer isso até chegar aos 40. Se eu chegar aos 40, qual será o próximo objetivo?”.

Que tal ter o devido reconhecimento? Ele é culpado pela má fase! Ele jogou em uma geração que não o permite receber as honras que merece. Brady tem 5 anéis. Peyton Manning foi o rosto da NFL e Aaron Rodgers é considerado o mais talentoso quarterback atualmente e apontado como o que será o melhor da liga.

Nenhum dos citados tem os números que Brees tem, e por isso ele deveria ter mais atenção.
Brees tem as famosas 5 temporadas passando a marca de 5.000 jardas passadas. Brady e Manning tem uma temporada com a mesma marca cada. Rodgers não tem nenhuma. Brees tem seis das 17 maiores marcas em jardas passadas em todos os tempos. Tem também duas das 10 temporadas com mais passes para touchdowns e 3 entre as 13 mais. Manning tem duas, Brady e Rodgers uma cada. Brees também tem sete temporadas com média de 300 jardas ou mais por jogo. Bradu tem três, Manning e Rodgers uma cada.

Muitos falarão que o plano de jogo do time e o fato de estar sempre correndo atrás do placar faz com que esses números aconteçam. Pode até ser verdade, mas os números são conquistados com alto nível de assertividade. Caso contrário, se acompanhado desses números viesse um número alto de turnovers ou baixo aproveitamento, não seriam evidenciados como são.

E mesmo com todos esses números e com essa consistência, normalmente ele não é colocado no mesmo grupo dos demais. Talvez isso também ajude para que o consideremos como o grande quarterback com a mente grande.


“Sempre tive um chip no meu ombro, desde criança, especialmente quando estava no high school”, disse Brees. “Sempre diziam que eu não poderia fazer. Existe um pouco de satisfação em provar que as pessoas erram”.

Fonte: CBS Sports

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