0-3: Não falta esforço, mas talento


Voltamos a programação "normal".

Neste caso, voltar a programação normal não é uma boa coisa. Significa apenas voltar a ser aquele time competente no ataque e fraco na defesa. Alias, este quase foi o titulo do post.

O jogo contra o Carolina Panthers trouxe uma mistura de sensações. Foi uma derrota menos dolorida do que para o Buccaneers. Enfrentamos um dos melhores times da NFC, na casa deles e sem nosso quarterback titular. Era óbvio que perderíamos. Eu, inclusive, esperava uma surra bem maior. Mas o time lutou muito, rendeu mais do que o esperado em algumas situações e, mais uma vez, teve chances de vencer o jogo.

"O time lutou, mas não somos pagos para lutar" disse o T Zach Strief. "Somos pagos para vencer e não estamos vencendo. Se não acharmos uma forma de ganhar, essa cultura (em New Orleans) vai mudar novamente, porque nenhum de nós estará aqui".

Fato, Strief. E nisso chegamos no primeiro ponto preocupante. Ao final do jogo eu fiquei satisfeito pela forma que o time, mesmo com todas as dificuldades, lutou. E isso é MUITO preocupante. Isso mostra que estamos nos acostumando a perder e exigindo menos do time. E, se essa cultura se instalar em New Orleans, tenha certeza que precisaremos de muitos anos para muda-la. Até porque, a mágica que nos fez mudar de um time meia-boca para um time forte não deve aparecer novamente.

"Não existe mágica" disse Strief. "Não existe isso. Nós simplesmente não estamos fazendo as coisas que você precisa fazer para ganhar jogos. Falamos as mesmas coisas todas as semanas e não corrigimos. Não existe uma desculpa".

Vamos focar um pouco na partida. O quarterback reserva, Luke McCown, fez um bom trabalho. Acertou 31 dos 38 passes para 310 jardas. Fez uma partida sólida e não teve nenhuma culpa na interceptação. Foi muito mérito do marcador que fez uma recepção maravilhosa. A linha ofensiva neutralizou a maior parte da pressão que McCown poderia receber e também fez um bom trabalho. O jogo corrido deixou a desejar, mas não foi parte importante na derrota.

A defesa sim foi parte importante na derrota. Permitiu pontuação nos 5 dos 7 primeiros drives do Panthers. Não pressionou Cam Newton, não forçou turnover... foi simplesmente dominada pelo ataque de Carolina. Apesar de TODO MUNDO saber que o TE Greg Olsen é o principal alvo do time, ninguém conseguiu marca-lo (8 recepções, 134 jardas e 2TDs). É o terceiro jogo que sofremos com TEs. Vai ver por isso que Ben Watson parecia estar tão bem no training camp. A má notícia é que não é um problema tático, mas sim falta de talento.

Não adianta sair por aí berrando contra Rob Ryan, segurando foices e enxadas e expulsa-lo da cidade como fizemos com Garry Gibbs, Gregg Williams ou Steve Spagnuolo. Ele tem culpa? Claro! Afinal, ele é parte importante na montagem do elenco e, se falta talento, a culpa também é dele que escolhe errado. Mas hoje temos nossos dois principais jogadores da defesa no departamento médico (Keenan Lewis e Jairus Byrd). Byrd, aliás, jogou apenas UM jogo com o Saints desde o ano passado e não justifica seu ENORME contrato (6 anos e $56M). Sem ambos, o time realmente perde muito talento. Principalmente porque ambos podem mudar uma partida em uma jogada. São os chamados "Playmakers".

E a falta de talento também bate na porta do ataque. Willie Snead é um jogador razoável. Cooks tem seu talento. Ingram também faz suas boas jogadas. Mas nenhum deles tem o potencial de mudar o jogo e isso obriga o time a beirar a perfeição para vencer uma partida. Snead e Colston chegaram até a dropar alguns passes em momentos importante da partida. Mais um exemplo da falta de talento.

"É difícil ver tudo isso" disse Payton. "Vamos analisar os vídeos e vamos ter a chance de fazer as correções. Mas nenhum deles se destacou".

Sobre a falta de talento, Payton foi sincero:

"Nossa margem de erro não é boa o suficiente para superar alguns dos equívocos que podem surgir em um jogo".

Talvez com Brees, Lewis e Byrd, essa margem para erros fique maior. A expectativa é que os três joguem no domingo, contra o Dallas Cowboys. Talvez aí esteja a falta de talento que notamos no time.

Mas vamos aos pontos positivos. O principal deles foi a escolha das jogadas. Eu critiquei muito a falta de criatividade e agressividade de Sean Payton em um playbook arroz com feijão. Neste jogo, apesar da falta de Drew Brees, Payton abusou dos mais diversos tipos de rotas e passes. McCown lançou para nove recebedores diferentes. Um ataque explosivo (como na quase conversão de 3rd&20, que virou uma quarta para polegadas) e com várias opções. Isso deixa o time mais difícil de ser marcado, permite recebedores com mais liberdade e faz o jogo fluir. A unica jogada que eu talvez não concorde foi a da interceptação, onde fizemos um passe profundo com pouco espaço de campo para um WR baixinho (Cooks). Tirando essa jogada, gostei MUITO do playbook e me deixa bem curioso para ver o que será feito com Drew Brees no próximo domingo.

Falando em Drew Brees, sua participação na sideline foi um show a parte. Apesar de fora do jogo, ele fazia todos os movimentos que sempre fez, simulando huddle, batendo palma e lambendo os dedos.


Outro ponto legal foi o retorno de Marcos Murphy para touchdown. Foi o primeiro punt retornado para TD desde a semana 1 de 2011, quando Sproles era o retornador e foi o mais longo desde 2002, quando Michael Lewis retornou para 83 jardas.

"Eu observo os bloqueios" disse Murphy. "Os caras lá na frente estão segurando todo mundo. Eles montaram os bloqueios e eu saí costurando o mais rápido que eu conseguia. Eles me deram um caminho e eu consegui chegar na endzone".

Outro ponto positivo foi a segunda partida seguida sem faltas de Delvin Breaux. Ele cometeu muitas faltas na primeira semana e parece ter conseguido se adaptar rapidamente. Alias, o desempenho dele, comparado com o do Brendon Browner, faz muitos analistas de New Orleans colocarem a dupla titular de Cbs com Lewis e Breaux, deixando Browner no banco.

Enfim, entre pontos positivos e negativos, o Saints acumula um triste 0-3 e a sensação da temporada estar escorrendo pelas mãos.

"Eu gosto do nosso time" diz Mark Ingram. "Penso que nós temos um bom time".

Legal, Ingram. Eu também gosto do Saints. Agora só falta vocês jogarem um pouquinho mais, porque uma vitória não está tão longe assim.

Comentários

Anônimo disse…
adoro esse site, com críticas excelentes!!!
Anônimo disse…
Muito bom. Excelente análise! Continue assim!!!!!
Unknown disse…
Concordo plenamente, a defesa não força turnovers e o ataque não consegue avançar muito com o jogo corrido!
Unknown disse…
Excelente análise!!

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