Pós Jogo - Saints 20x14 Eagles: Porque torcida ganha jogo SIM


Nada dava certo. A defesa cedia jardas, Drew Brees estava claramente apavorado, a linha ofensiva tinha diversos problemas. Algo precisava acontecer para evitar uma eliminação vexatória em pleno Mercedes-Benz Superdome. E o dia 13 de Janeiro de 2019 será lembrado como o dia em que a torcida pegou o time no colo e levou para o NFC Championship Game.

A partir dos 116 decibéis, o corpo humano começa a sentir a vibração das frequências mais baixas. Em seus momentos mais barulhentos, os 73 mil torcedores fizeram mais de 120 decibéis de barulho. Era como se Nick Foles tivesse um baterista mandando ver num solo bem ao lado. Ou seja, Foles e seus colegas sentiam na pele cada grito. Foi esse suporte e a força vinda das arquibancadas, das redes sociais... as energias positivas mandadas de todo canto do mundo que fez a equipe se recuperar.

"Eu penso que temos uma vantagem enorme ao jogar aqui", disse o técnico Sean Payton. "Nossos fãs foram fantásticos hoje. A comunicação deles ficou bem difícil. Nós já estivemos dos dois lados. Já jogamos em lugares complicados e que estava realmente barulhento. Minnesota, Seattle... e nós jogamos agora em casa. Essa é a razão pela qual nós batalhamos tanto para ter a melhor posição (seed) que podemos ter. Você tem a chance de jogar com todo esse barulho ao seu favor".

"Provavelmente foi o som mais alto que eu já ouvi no dome", reconheceu o CB Marshon Lattimore. "Quando jogamos contra o Carolina (Panthers) no ano passado estava bem alto, mas esse jogo foi mais. E nós amamos isso. Amamos que a torcida jogue o jogo conosco. Isso ajuda a ter uma força extra para fazer o trabalho".

E foi essa força extra que tirou o time de um buraco gigantesco cavado pelo próprio time. Começou com a primeira jogada da partida. Sean Payton, agressivo, abriu cinco recebedores. Brees, confiante, forçou uma bola no fundo para Ted Ginn Jr em uma segunda leitura (ou seja, a jogada inicial não era de um passe para ele). A bola foi fraca e veio a interceptação. O Eagles, que é um bom time, aproveitou. Na segunda campanha, o ataque não conseguiu sequer uma jarda e o Eagles aproveitou novamente. Era um 14x0 com o Drew Brees desesperado e a defesa perdida.

"Não é o jeito certo de começar", disse Brees. "Chame do que quiser. Eu não vou falar que foram as três semanas de descanso. Ouça, nós conseguimos deixar alguns caras saudáveis e isso foi a coisa mais importante. Não foi a forma que queríamos começar, mas acho que superar isso é a história aqui".

"Como técnico, você sempre quer começar rápido", comentou Sean Payton. "Nós começamos rápido assim antes. Agora em algum ponto você se move para longe disso, mas ainda bem que fomos capazes de voltar".

A corda jogada para o time começar a escalada para fora do buraco foi na primeira interceptação de Marshon Lattimore. Em marcação zona (avisamos no We Dat Podcast que Nick Foles tinha problemas com zonas), Lattimore conseguiu antecipar Zach Ertz e pegar a bola. O ataque quase desperdiçou a chance, mas um fake punt em uma quarta descida colocou novamente o ataque no jogo.


"Eu estava falando para ele: 'Vamos correr'", disse o punter Thomas Morstead sobre a conversa com Sean Payton. E a corrida veio em um fake com Taysom Hill. "Eles mantiveram os dois DTs na gap A e o Fletcher Cox estava um pouco atrasado se alinhando", comentou Hill. "Foi uma das coisas que me fez pensar que eu poderia pegá-los correndo por fora do guard".


"Cada uma dessas coisas são calculadas", falou Payton sobre a jogada. "Mike (Westhoff - técnico do time de especialistas do Saints) se sentiu bem sobre o que estava olhando e recebendo. Eu confiei muito no Taysom. Ele é um corredor forte e geralmente isso passa algo favorável a correr riscos. Especialmente aonde estávamos no jogo. Sei que estava cedo e ainda, como fizemos com o New York Giants, nós precisávamos recuperar o momento. Foi realmente o resultado de algo que vimos no jogo".

A partir desse ponto, o ataque começou a deslanchar e a defesa manteve o ataque sob controle. No terceiro quarto, o Saints conseguiu um drive de 11 (ONZE!!!!) minutos. Tá, não foi bem de propósito já que por algumas vezes tivemos boas jogadas anuladas por faltas (Olá Peat incompetente), mas o fato é que cansamos a defesa deles e esfriamos o ataque. É o maior drive da história da franquia. Drew Brees brincou que o ataque precisou conquistar 117 jardas no drive por conta das faltas. E o grande responsável pelo enorme desempenho ofensivo, inclusive nesse drive, se chama Michael Thomas.

Me perdoe a caixa alta, mas MICHAEL THOMAS É O MELHOR WR DA LIGA e o melhor da história do Saints. Quando a casa tava caindo, Thomas era perfeito em achar buracos na cobertura e escapar com facilidade de marcações mano a mano. Foram doze recepções para 171 jardas e um touchdown.

"Certamente é um argumento. Claro que existem ótimos recebedores na liga, mas Thomas claramente deve estar na discussão", disse Drew Brees. "Eu sou muito sortudo em jogar com grandes recebedores. Você passa muito tempo junto para desenvolver essa confiança, esse entrosamento. Tivemos e temos grandes recebedores aqui, mas nos últimos anos com o Mike, nós criamos muita confiança e entrosamento. O que você vê no jogo é o que vejo no treino todo dia. Ele é assim todo dia, treina com essa mesma intensidade do jogo, com atenção aos detalhes e com esse fogo, paixão e competitividade. Ele é um jogador de grandes momentos e deseja ter as jogadas quando você precisa mais".

E Mike Thomas merece mais elogios.

"Ele tem mãos muito sólidas nas jogadas", comentou Payton. "Ele é forte e competitivo. É um dos jogadores que acreditam que podem fazer qualquer tipo de jogada. Drew teve um ótimo trabalho ao encontrá-lo. Essas jogadas significantes mudam a direção do jogo".

"É vencer ou ir para casa. Eu faço qualquer coisa que precisar", falou Michael Thomas. "Se você está enfrentando uma marcação dobrada ou triplicada, não importa. Você precisa fazer seu trabalho. Você precisa concentrar no que está fazendo e as coisas vão aparecer. Nós tivemos muita preparação durante a semana. Nós respondemos. Eu não sei se foi um jogo breakout, mas você apenas precisa ir e fazer as jogadas quando seu número é chamado".

E para terminar essa análise, falta citar a defesa. De uma forma geral, extremamente sólida. Não deu espaços para a corrida, defendeu bem os passes e forçou turnovers quando precisou. Tirando o primeiro quarto onde NINGUÉM foi bem, a defesa segurou o fortíssimo ataque de Philadelphia em ZERO ponto.

"Eles tem um ataque fenomenal", analisou o LB DeMario Davis. "Eles tem várias boas armas, um quarterback realmente bom, um coordenador ofensivo que sabe mover a bola e te manter na ponta dos pés. Eles realmente nos superaram no começo. Nós continuamos focados nos objetivos. Fomos capazes de parar as corridas, colocar alguma pressão no quarterback e recuperar algumas bolas. As duas interceptações do Marshon foram enormes. Mudaram o jogo".


"Como eu digo, fizemos um bom trabalho em colocar o Eagles para fora do campo em terceiras descidas", disse Sean Payton, "Eles correram muito bem com a bola no começo. Aí tivemos um drive longo que comeu muito relógio. E então sentimos que o 4º quarto veio realmente rápido. Mas eles foram fantásticos".

E foi assim que o Saints conseguiu chegar a final da conferência pela primeira vez desde 2009. E manteve o recorde perfeito em partidas de playoffs em casa na era Payton-Brees. A adrenalina deve abaixar lá pela quinta-feira, mas na sequência já sobe novamente porque no domingo, às 18h05 (horário de Brasília), decidimos quem vai representar a NFC no Super Bowl.



Sobraram quatro times. Somos um deles.

Faltam apenas dois jogos.

#WhoDat

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