Desabafo

*Por Marcelo Afonos da Silva


No ambiente jornalístico, dizem que o cara, ao escrever, analisar ou comentar algo, tem que ser o mais imparcial e o menos passional possível. Mas este que vos escreve não é jornalista, é apenas um colaborador deste conceituado blog, um torcedor apaixonado, que talvez não tenha maturidade a ponto de reagir bem a derrotas como a de ontem. E apesar de o blog procurar passar informações de uma forma bastante isenta e imparcial, diante de tudo o que aconteceu ontem no sagrado Superdome, fica meio difícil conter os ânimos.

O jogo aconteceu no mesmo momento
do primeiro debate presidencial
Era um jogo especial, não só por ser um primetime, jogo de horário nobre transmitido em rede nacional na TV americana e ainda por cima contra o nosso maior rival. O componente emocional que envolvia a partida aumentava a sua importância de forma exponencial, pois no dia anterior se completara 10 anos da reabertura do Superdome, após 13 meses fechado devido à catástrofe causada em New Orleans e região de Louisiana pelo furacão Katrina. Completara-se 10 anos do renascimento de uma cidade e de um time que sofreram juntos as consequências de tudo o que aconteceu. Mas essa história todo torcedor do Saints deve (ou deveria!) conhecer, e, se não conhece, contaremos com detalhes em outra oportunidade.

Deixando essa introdução com um quê de emoção e saudosismo de lado, o que se viu foi um início de jogo arrasador, que dava a impressão de que o time tinha entendido a dimensão e a importância do que estava acontecendo, embora poucos tivessem participado do jogo de 10 anos atrás.

Dava a impressão, apenas dava a impressão. Pois o que se viu daí pra frente foi um show de horrores, que sinceramente, não vale a pena detalhar aqui. Por isso não será detalhado pontuação e uma sequência de acontecimentos do jogo.

O ataque todos sabemos que, salvo falhas pontuais que fazem parte do jogo, faz bem a sua parte. Drew Brees foi razoavelmente protegido e mais uma vez fez um jogo para mais de 300 jardas, com 3 touchdowns e uma interceptação retornada para touchdown do Falcons (90+ jardas). Aí está o erro pontual que faz parte do jogo, quando falamos do ataque. O jogo corrido fluiu relativamente bem, passando das 100 jardas acumuladas e como Ingram tendo uma média de 5,1 jardas por corrida. Infelizmente, mais uma vez, devido às circunstâncias da partida, não tivemos oportunidade melhor para desenvolver o jogo corrido e Brees teve que soltar o braço, lançando a bola em 54 oportunidades, para 36 passes completos.
O time de especialistas cometeu o erro que determinou a mudança de ares na partida. O mantra #NEVERPUNT tão aclamado em jogos contra o Falcons, primeiramente por conta do que ocorreu naquele 25.09.2006 inesquecível (menção honrosa a Steve Gleason) e tornou a ocorrer no jogo da temporada passada, ficou completamente de lado quando De’Vante Harris cometeu um erro infantil no que deveria ter sido o retorno, mas que colocou o Falcons em condições de empatar o jogo, na linha de 11 jardas da nossa defesa.

Ah.... a defesa!!! É mais do mesmo!!! Notícia velha!!! Já deveríamos estar acostumados!!! É sempre a mesma história!!! É o que todos falamos sempre!!!

Essa defesa tinha mostrado certa evolução nos dois últimos jogos, e embora tenhamos perdido ambos, chegamos ao ponto de não levar um touchdown de um ataque formado por Eli Manning, Odell Beckham Junior, Victor Cruz, Sterling Shepard, entre outros. Mesmo com o amontoado de desfalques para o jogo (quase um time - Sheldon Rankins, Delvin Breaux, Dannell Ellerbe - ele ainda joga? - Tyeler Davis, Kenny Vaccaro, P.J. Williams, Damian Swann...), esperava-se que a defesa, mesmo que remontada, dificultasse o jogo do adversário, como vimos nos dois jogos anteriores. Mas o que vimos foi um verdadeiro passeio do ataque adversário, que parecia nem fazer muito esforço para conseguir as descidas e anotar pontos. Foram 5 (CINCO!) ataques seguidos anotando touchdowns, sendo 6 anotando pontos. O que se via em campo, parecia mais um bando de garotos aprendendo o jogo. Embora os tackles e ends tentassem impor alguma pressão ao QB Matt Ryan, e conseguiram em algumas situações (2 sacks, sendo 1,5 para Nick Fairley e 0,5 para Cam Jordan e alguma pressão adicional), o time parecia jogar sem linebackers.


A segunda linha da defesa teve uma atuação lamentável, horrorosa. James Laurinaitis, contratado para ser o líder desse setor, tomando a posição de MLB de uma das nossas maiores promessas dos dois últimos drafts, simplesmente não estava em campo, ou se estava não se fazia notar, pois foi péssimo em todos os aspectos. Uma atuação para esquecer e nos fazer questionar ainda mais a contratação, sendo que trouxemos um grande prospecto no draft passado, Stephone Anthony, que diante de tanta mediocridade apresentada pela nossa defesa, conseguiu se destacar com um trabalho decente, embora apresentando falhas que qualquer calouro pode apresentar. Complementando a situação deste coitado, deslocado para a posição de OLB, ficou clara a falta de familiaridade dele na posição em diversas oportunidades. 
Estamos queimando um cara com muito potencial, que pode ser o futuro dessa defesa, em troca de um medalhão que claramente já não tem o mesmo gás de anos atrás. 
Talvez esse tenha sido um dos grandes problemas... trazer jogadores que outrora foram consagrados (pagando muita grana e comprometendo o já prejudicado salary cap!), mas já estão maduros demais, a ponto de tombar em tackles onde deveriam levar grande vantagem, devido ao porte físico e experiência. Sobre Craig Robertson me recuso a falar. Ele só complementa e reflete esse setor horroroso!
Quis dizer tudo isso somente para ilustrar que Devonta Freeman, principal RB do Falcons, teve 14 corridas para 152 jardas, ou seja, uma média de 10,9 jardas por carregada. O camarada teve mais de um first down por tentativa! O jogo corrido de uma forma geral conseguiu 217 jardas totais, uma média de 7 jardas por corrida, número absurdo, quando se considera boa média um ganho de 4 jardas por tentativa. Mais um número para mostrar quão lamentável foi a atuação do time nesse setor.

Já a secundária estraçalhada devido a contusões, é digna de pena. Somente Jarius Byrd... Pausa para um twitt:
Voltando: ...titular, a contratação mais espetacular da liga há algumas temporadas. Esse cidadão tem sido tão importante para o time que eu vou me dar o direito de não lembrar e não pesquisar quando foi sua chegada ao time. Sempre perdido, péssima leitura do ataque adversário (e uma das características fundamentais para um bom safety é a leitura apurada do jogo), sempre atrasado nas jogadas, mal na cobertura em zona, aparentemente com medo de contato, enfim, esse é o nosso cara de 54 milhões de dólares! Com os RB resolvendo o jogo para o Falcons, Matt Ryan se deu o luxo de ter 20 passes completados em 30 tentativas, para 240 jardas e 2 touchdowns, reitero, sem fazer o menor esforço!

Em resumo, a partir de um determinado momento do jogo, eu passei a sentir pena do time. E imagino que muitos torcedores, nossos e adversários, tiveram o mesmo sentimento. E pena é o pior sentimento que se pode ter, pois mostra impotência, falta de capacidade, falta de competência para executar algo a que se propõe. E o jogo de ontem reflete exatamente essa falta de capacidade, competência, de treino, de planejamento de jogo (menção honrosa ao nosso coach staff) e em determinados momentos parece que falta até vontade!

Aquilo que deveria ser uma grande festa em comemoração aos 10 anos do “rebirth” virou esse capítulo dos trapalhões, essa vergonha, essa atuação digna de pena.

Salvaram-se

Michael Thomas, acionado em 7 oportunidades, para 71 jardas e 1 touchdown, Mark Ingram, com 15 corridas para 77 jardas e recebendo 4 passes para 30 jardas e 1 touchdown e Coby Fleener, que embora tenha demonstrado falhas inaceitáveis nos bloqueios e com drops infantis, combinou para 7 recepções, 109 jardas e 1 touchdown, mas dele espera-se muito mais, já que veio consumindo uma boa parte do salary cap e está devendo.

Drew Brees é o Drew Brees de sempre, faz sua parte, solta o braço para tentar manter o time no jogo e mais uma vez fez o que dele se espera, embora tenha falhado em um lance capital, forçando um passe de forma desnecessária, resultando em um pick 6 de 90 jardas. Na defesa me dou o direito de poupar Cam Jordan e Nick Fairley, pois foram os que fizeram aquilo que deles se esperava e em determinado momento do jogo deram algum trabalho ao tranquilo Matt Ryan.

Comentários

Unknown disse…
LAMENTÁVEL, SIMPLESMENTE LAMENTÁVEL O JOGO DE SEGUNDA-FEIRA.
SEI QUE VÃO ME DETONAR, MAS FRANCAMENTE ACHO Q ESSA TEMPORADA JÁ ERA COM 0-3, TORCER PRA FICAR COM A PIOR CAMPANHA PRA MELHORAR NA ESCOLHA DO DRAFT. UMA IDÉIA Q EU TENHO É O SAINTS FAZER COM A DEFESA O Q O COWBOYS FEZ COM SUA OL.
PRÓXIMO DRAFT TER ESCOLHAS DE DEFESA, PELO MENOS UMAS 4 ESCOLHAS E TEM Q SER AS PRIMEIRAS 4.
NOSSO GENIAL QB NÃO TEM UMA DEFESA DIGNA E NOSSO TIME DE ESPECIAIS CONSEGUE ENTREGAR A JACA EM 2 JOGOS CONSECUTIVOS.
FALANDO EM DEFESA, TOMAMOS 80 PONTOS EM 2 JOGOS EM CASA, PIOR ATÉ Q A MARCA ENTRE OS ANOS 70 A 80 (NÃO LEMBRO EXATAMENTE A ÉPOCA), MAS NÃO VEM AO CASO AGORA, PIOR ATÉ Q NOS TEMPOS Q O SAINTS ERA O SACO DE PANCADAS DA NFL, QDO TOMOU 78 PONTOS.
Unknown disse…
O que é PICK 6?
E me expliquem SPECIAL TEAM eh pq eles tem DOWN? e se for, eles são os piores DOWNS q eu conheço!!!
Higor Ferres disse…
Pick 6 é o termo para uma interceptação retornada para touchdown.
O Special team é chamado assim pq é treinado para fazer jogadas que não são tipicas de defesa, nem de ataque, como Kickoff, Punt, Extra Point e Field Goal.

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